3 de ago. de 2008

Quando comprar um celular vira um inferno

Domingo à tarde. Finalmente chove na Grande São Paulo. Depois de um almoço tranqüilo com a mamma e a famiglia, nada como dar uma volta no xópis e comprar um celular novo. Afinal, faz meses que tô querendo trocar de aparelho e, agora que tenho um emprego, dá pra pensar em evoluir um pouquinho (na verdade é um estágio, mas o dinheiro é limpo).


Tenho um Motorola C 650 desde 2005 e ele ainda tá inteiro, mas as fotos nunca saem boas e o software que transfere os arquivos pro computador dá pau direto. Além disso, MP3, Bluetooth, Vídeos e outros recursos que hoje chamamos de "básicos" nem existem nele.


Pesquisei no site da Claro e achei o Nokia 5310. É leve, bonito e tem o que eu procuro: Um bom MP3, gravação de vídeos e fotos (2.0 MP não é lá muita coisa, mas quebra o galho numa muvuca)


O plano da Claro para 100 minutos parece razoável. Nele eu ganho o celular, pelo menos foi o que vi durante a semana. Plano escolhido, celular aprovado, falta agora comprar. Decidi ir a uma loja no Shopping Eldorado, pra aproveitar o passeio pós-almoço de domingo.


Foi aí que começou meu inferno particular.


Falta de organização
- Foi tudo o que encontrei na 1ª loja. Vai ver era por isso que tava vazia. O atendente, com um sorriso amarelo, disse que não tinha o aparelho que eu queria. "Já ouviu falar em controle de estoque, sua anta? Porra! Custava ter um controle de estoques pra saber quando pedir aparelhos novos pra operadora? Precisa trabalhar sempre no sistema 'da mão pra boca'?" era o que eu queria dizer. Mas ao invés de me dar dinheiro e poder, meus pais me deram educação. Virei as costas e fui embora, antes que me empurrassem um outro aparelho. Então fui à loja da Claro, no 2º piso.

"Redundância? O que é isso?" - Achei estranho a loja da Claro estar vazia (de tanto andar de lotação, aprendi que vazia = "cabe mais um, mesmo espremido"). Já entrei perguntando pelo aparelho. "Tem sim", disse o atendente. "Mas estamos sem sistema", emendou o guri. Só então entendi porque todo mundo na loja estava feliz, largados nas cadeiras como se estivessem em Acapulco tomando sol.
Perguntei qual o tipo do problema, e se demoraria muito. "Estamos com um problema no servidor", disse o rapaz que me atendia. Parece que o problema era só naquela loja, e não na rede. "E não tem redundância nisso?", perguntei, ingenuamente. "Redundância, o que é isso?", foi o que ouvi. Entrei em pânico. Tudo bem o cara não ser obrigado a saber todos os jargões de tecnologia (mesmo trabalhando para uma empresa de Telecom), mas se não tem o mínimo pra se trabalhar, por que não baixam as portas? Já que iam perguntar meu tipo sangüíneo, cor dos olhos, nome dos cachorros e tudo o mais, não dava pra fazer um pré-cadastro na mão mesmo?
Quando uma menina gritou que não tinham previsão de retorno, resolvi que ninguém ali veria a cor do meu dinheiro. Então fui ao Shopping Iguatemi, meu terceiro calvário.

Educação se aprende em casa - Definitivamente odeio o Shopping Iguatemi. E isso vem de outros carnavais. Um bando de velhas recauchutadas que olha pra você como se estivessem diante do verme do cocô do cavalo do bandido. Várias patricinhas sem sal nem açúcar levando o namorado gordo pra passear. Lojistas de sorriso amarelo, pouco se fodendo pros clientes. Seguranças me olhando torto. E eu ali, de cabelo despenteado, jaqueta jeans e mochila nas costas, puto da vida à procura da loja da Claro.
Quando achei a loja, encontrei um casal discutindo sobre que celular o marido ganharia. A mulher dizia: "Mas você precisa de um celular mais moderno, que seja a sua cara, meu bem..." E o velho, provavelmente com o mesmo sentimento que eu, retrucou: "Mas meu amor, só preciso de um celular que faça e receba ligações, não sei mexer com essa parafernália toda". Se eu tivesse oferecido o meu celular eles teriam me dado uma boa grana, ou pelo menos um 5310, como agradecimento. XD
Voltando ao inferno: Uma atendente me abordou e perguntou o que eu queria. Por precaução perguntei se tinha sistema, e depois o aparelho. Como ela disse "sim", mostrei interesse em mudar de plano e talz. A v%&a simplesmente rabisca alguma coisa no papel, me dá uma senha e vai embora, como se eu fosse um saco de estrume.
Olhei pra senha e pensei: "Não deve demorar muito. São só três números..." Aí vem um outro atendente e diz, com a maior cara-de-pau: "Olha, se o Sr. quiser, nós pedimos que o Sr. retorne em mais ou menos meia-hora, ou deixe seu número para que eu te ligue avisando, tudo bem?"
Só entendi que ele estava me expulsando da loja pra não fazer volume. Fui até as Lojas Americanas, comprei 1 Chokito e voltei meia hora-depois. Só atenderam um maldito número!
Pedi explicações ao atendente e enquanto o v*@%o falava, chegou outra cliente. Geralmente, quando se está falando com alguém e chega outra pessoa, pede-se licença a uma delas para conversar com a outra. O filho da mãe simplesmente levou a cliente pro outro lado da loja e me deixou plantado, como um saco de estrume (já disse isso antes, mas é assim que me senti. Sério.)

Bem, depois dessa fui embora pra casa sem celular novo e sem paciência pra encarar atendente, vendedor ou qualquer pessoa que trabalhe atrás de um balcão. Vou tentar comprar o bendito aparelho pela internet, e fazer o possível pra não ter que voltar a uma dessas lojas. Depois de um domingo frustrante, nada como aprender/relembrar algumas lições:

  • A tecnologia serve para facilitar a vida das pessoas. Pessoas despreparadas e com espírito-de-porco tendem a dificultar a vida das outras, colocando a culpa na tecnologia.
  • Compras pela internet servem para dias chuvosos. E hoje choveu.
  • Shopping = Cinema + Burger King. E só.
  • Resumindo: É perda de tempo achar que contato direto com o vendedor é uma vantagem em relação às compras pela web. Depois de uma loja sem produto, outra sem sistema e uma terceira sem atendimento, talvez na internet eu tenha mais sossego. Ou não.
Acompanhe a saga pelo Twitter: http://twitter.com/nepomucky


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Now playing: Rage Against the Machine - Know Your Enemy
via FoxyTunes

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